Partitura: a melhor amiga do músico!

Publicado por JAM Music em

por João Guilherme

 

Se você está lendo esse texto agora, é muito provável que você se enquadre em um dos grupos que vou citar: 1) ler partitura é necessário para estudar seu instrumento, e por isso você não tem escolha se não aprender; ou 2) você já estuda música utilizando métodos de notação alternativos (tablatura, cifragem, etc), mas por algum motivo veio a considerar que aprender a ler partitura é algo importante, talvez por um motivo teórico, talvez por se interessar por um novo tipo de repertório — como a música erudita, por exemplo. Enfim, as razões pelas quais um músico pode vir a se interessar pela partitura são muitas, mas há um sentimento que se demonstra comum a todo mundo que se dispõe a estudá-las: o de que ler partitura é difícil pra caramba! Não é raro as pessoas sentirem essa dificuldade, e a falta de informação de qualidade na internet ou nos ditos “cursos de música” que existem por aí só contribui para que os estudantes se sintam mais e mais perdidos. Dito isso, para aqueles que possuem informação de qualidade e que obedeçam a um bom método de estudo, ler partitura não é esse bixo de sete cabeças não, e neste texto eu tentarei provar isso para você.

 

Pré-requisitos:

Antes de mais nada, é necessário entender que a partitura é a materialização da teoria musical tradicional; dessa forma, é necessário que o estudante possua alguns conhecimentos prévios para de fato ser capaz de interpretar algo escrito na linguagem musical, até mesmo as coisas mais simples. Tais conhecimentos são:

  1. quais são as sete notas musicais (dó ré mi fá sol lá si);
  2. o que é um semitom e um tom;
  3. o que é o pulso de uma música;

 

Caso esses pré-requisitos estejam cumpridos, já é possível começar.

 

Pentagrama:

       

            A palavra pentagrama significa, literalmente, cinco linhas. Para nós, tanto as linhas quanto os espaços entre elas representam notas musicais, como consta abaixo:

No entanto, repare que, junto das notas musicais na imagem acima, um novo símbolo apareceu. Esse símbolo é a clave — nesse caso, a famosíssima clave de sol.

 

Claves:

Sol (2ª linha)

 

Fá (4ª linha)

 

Dó (3ªa linha)

A clave nos dá uma referência para que possamos encontrar as notas no pentagrama, ou seja, sem uma clave, não podemos dizer quais são as notas. Funciona assim: a clave de sol, por exemplo, é tradicionalmente escrita a partir da segunda linha do pentagrama. Logo, isso nos diz que a segunda linha corresponde à nota sol; dessa forma, sabemos que o espaço acima dela, por exemplo, é a próxima nota sequência dó-ré-mi-fá-sol-lá-si — no caso, a nota lá — e que o espaço abaixo da segunda linha é a nota fá, e assim por diante. Isso também vale para as claves de fá (4ª linha) e de dó (3ª linha).

 

A partir do momento em que temos uma referência de qual nota será tocada, o que nos falta é saber por quanto tempo essa nota deve ser tocada, ou ainda se devemos tocar algo ou não em primeiro lugar. Veja, o que de fato torna a partitura uma ferramenta tão interessante para o músico é justamente a capacidade dela de nos informar o ritmo de uma música, e não somente as notas e acordes que devemos tocar. Lembre-se, uma música é geralmente composta por melodia, harmonia e ritmo, e a partitura é capaz de nos transmitir tudo isso. A pergunta que resta agora é: como saber o ritmo?

 

Pulsação e figuras rítmicas:

O ritmo da nossa música funciona baseado na percepção do pulso de uma progressão musical. Pense no seguinte: você está assistindo a um show de uma banda. O vocalista começa a bater palmas junto da música que está tocando, e a plateia o acompanha. Você, sendo um estudante de música muito atento, percebe que as palmas do vocalista não estão simulando o que está sendo feito pela bateria ou por qualquer outro instrumento, mas mesmo assim elas parecem “encaixar”. Outra coisa que você repara é que as palmas estão todas com o mesmo intervalo de tempo entre elas. Em outras palavras, essas palmas estão marcando a pulsação, ou pulso, da música.

Ok, mas como isso se relaciona com a partitura? A resposta é que é justamente em função desse pulso que nós pensamos no ritmo de uma partitura. Cada batida da pulsação representa o que nós músicos chamamos de tempo, e a junção de vários tempos de forma organizada é o que chamamos de compasso. E é aqui que surgem aqueles números estranhos no começo da partitura, cujo nome é fórmula de compasso.

A fórmula de compasso vai indicar pra gente quantos tempos existem dentro de um compasso, e também se a divisão desses tempos acontece de forma binária (compasso simples) ou ternária (compasso composto). Pensamos na duração de uma nota a partir de quantos tempos, ou quantas partes de um tempo, ela ocupa no compasso. E para cada duração, temos uma figura rítmica correspondente, como consta abaixo:

Note que, para cada figura rítmica, existe uma pausa correspondente, que funciona exatamente da mesma forma. Agora, tendo falado de como encontrar as notas e como interpretar as suas durações, é só juntar as duas!

Claro, falando assim parece fácil, mas essa capacidade de leitura envolve treino focado e tempo para assimilar todos os componentes e conseguir fazer algum sentido deles. Alinhado a isso, ainda há outras coisas que não foram abordadas aqui, como os conceitos de armadura de clave e tonalidade, os ornamentos, os sinais de progressão e etc. Mas é isso que discutimos aqui, e quem já detiver esses conhecimentos já tem uma excelente base para mergulhar nesse mar profundo e intrigante que é a música, através das lentes da nossa melhor amiga: a partitura.

 

 

 

           

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Categoria: Blog

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